Ando sempre com um guarda-chuva no carro. É uma acção que parece revelar um elevado grau de perspicácia da minha parte. Em caso de aguaceiros, estou sempre precavido, evitando que apanhe uma molha do carro até ao local que me dirijo. Nada deste procedimento parece levantar quaisquer problemas: estou no carro, começa a chover, uso o guarda-chuva que tenho na mala; vou ao sítio que pretendo, volto para o carro e coloco, de novo, o guarda-chuva na mala. Simples e conveniente? Errado. Eu explico: eu deixo o meu carro na rua. De minha casa ao carro são, para aí, 50 metros. Há dias que apanho chuva, logo vou precisar de uma guarda-chuva que me leve de casa até ao carro. O guarda-chuva que tenho na mala, neste caso, não me traz utilidade, então tenho que levar um outro guarda-chuva de casa ao carro. Chegando ao carro, deixo este novo guarda-chuva na mala, juntamente com o outro. Ora, como muitas vezes acontece, depois quando chego a casa, mais tarde, já não está a chover, por isso não vou precisar do guarda-chuva do carro a casa. Então, simplesmente deixo o segundo chapéu-de-chuva (estou farto da palavra guarda-chuva) no meu carro. Perguntam vocês: afinal, onde está o problema? O problema é que, neste momento, tenho 5 guarda-chuvas no meu carro. 5! Tenho 5 guarda-chuvas amontoados na parte de trás do carro. Parece que estou a fazer recolha ao domicílio. Atenção, que há mais um problema: neste momento, não tenho guarda-chuvas em casa. Todos eles são meus reféns na bagageira do carro. Como não tenho nenhum em casa, apanho chuva até chegar ao veículo; apanho chuva até chegar ao veículo, apanho uma constipação; apanho uma constipação, apanho dos meus pais porque apanham chuva o dia todo, porque, pelos vistos, estou a fazer coleccionismo na parte traseira do meu carro. Simples e conveniente? Podem ter a certeza que sim.
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