13.7.16

Naco #17

Estava no autocarro quase a chegar à próxima paragem. Ia sentado à janela e vi um rapaz a correr, no passeio ao lado, em direcção à paragem. Ele fez um grande esforço e lá conseguiu chegar antes do autocarro. Entrou, passou o cartão na máquina e sentou-se à minha frente. Após uns segundos, inclinei-me para ele e disse-lhe: 

- Hey. Desculpa incomodar-te. É que reparei que estavas a ir mais depressa do que o autocarro antes de chegares à paragem. Eu vi desde o princípio. Quando estavas a correr, atingiste uma velocidade maior do que nós aqui dentro. Ouve bem o que eu te digo: claramente não precisas deste tipo de transporte. Se calhar, por ainda seres novo, podes ainda não ter percebido como é que estas coisas funcionam. As pessoas apanham isto para chegar mais depressa aos sítios. Mas, como te disse, já estavas a ir mais rápido. Percebes o que está errado aqui? Tu à velocidade a que ias chegavas mais depressa aos sítios. Não precisas de estar aqui, miúdo. Não desvies o olhar…olha para mim. O autocarro não serve para ti. Precisas de um transporte mais rápido. Um TGV, um Airbus, ou, sei lá, experimenta rafting. Não podes é desvalorizar as tuas capacidades. Quando te vi a correr, pensei: “Ele é melhor do que nós. Ele não precisa disto, ele é livre. Não pares, miúdo!” E é isso que te digo agora, olhos nos olhos: não pares, pequeno Sonic. Levanta-te! Isso! Agora que estás em pé, corre! Nós não te merecemos! Sai deste sítio! Isso mesmo, corre! Pede ao motorista para te abrir a porta e sai! É isso, foge! Estás a ver? Tu és livre, não pares agora! Espera aí: por que é que estás a falar com esse agente da autoridade?

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