Um médico e um enfermeiro, juntamente com a sua equipa, invadem as urgências com um paciente acamado visivelmente debilitado. Tem sangue a escorrer pela cabeça e liberta gritos de sofrimento. A equipa percorre o corredor do hospital, com o paciente, procurando levá-lo para a sala de operações.
MÉDICO
Temos que levá-lo imediatamente para o bloco operatório!
ENFERMEIRO
Ele está a perder muito sangue. A sala de operações já está pronta e o novo cirurgião já está no local.
MÉDICO
Óptimo. Não há mesmo tempo a perder. O acidente foi mais grave do que julgava. O prognóstico é muito reservado.
ENFERMEIRO
(para o paciente)
Tenha calma. Vai ver que vai correr tudo bem. O cirurgião que o vai operar já salvou muitas vidas.
Finalmente chegam à sala de operações. A sala está vazia, sem sinal do cirurgião.
MÉDICO
Onde é que ele está?
ENFERMEIRO
Está aqui sentado na cadeira.
Na cadeira está pousado um cinto de segurança, com uma placa de identificação a dizer "cirurgião".
MÉDICO
(irritado)
Mas que brincadeira é esta?
ENFERMEIRO
É o novo cirurgião.
O MÉDICO pega no cinto de segurança
MÉDICO
Mas isto é um cinto de segurança!
ENFERMEIRO
Que, por acaso, salva vidas. Não há melhor cirurgião que este no mercado! Eu acompanhei o seu dossier e cheguei inclusive a ver o seu currículo, onde dizia que salvava vidas. Isso convenceu-me logo. Vá, vamos mas é começar a operação.
Horas mais tarde, o médico e o enfermeiro estão sentados no chão devastados, quase sem reacção. A sua equipa também está perplexa. O cinto de segurança está pousado na cadeira e o paciente já não dá sinais de vida.
ENFERMEIRO
(a olhar para o cinto de segurança)
Fui completamente enganado.
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