As pessoas bem se podem queixar da falta de trabalho, da fome no mundo, da corrupção e do bife estar mal passado, mas eu cá me queixo de coisas a sério, e que aleijam verdadeiramente. Falo, pois claro das aftas. Enganam-se, os que pensam que este tema não está ao nível da fome no mundo. Enquanto que, a fome é um tema fácil de se resolver, ou seja, come-se e já está resolvido instantaneamente. Nas aftas não é bem assim. Estamos submetidos a uma semana de tortura medieval incurável, onde a cada movimento em falso somos psicologicamente chicoteados e abusados por um tipo pequeno, solitário e branco - ou seja, uma semana bem passada na casa de Elvas.
Não obstante o sofrimento subjacente nessa semana, deparamo-nos ainda, com a angústia dos dias que antecedem o seu aparecimento, passando pela sua dolorosa confirmação. O ritual da confirmação é um tanto igual de pessoa para pessoa. Normalmente tem lugar à frente do espelho, onde lentamente esticamos o lábio, e gritamos a alto e bom som - foda-se - de uma maneira fanhosa e com muita baba à mistura. Este final é um tanto parecido quando estamos a ver televisão, e o genérico que está a começar é de um dos programas do Camilo de Oliveira.
Para terminar. Se é verdade que Deus criou coisas bonitas, como o seio esquerdo e o seio direito, porque é que insiste em criar este tipo de bugigangas? Ele deve ter criado as aftas no mesmo dia que criou a sobrancelha, a pestana, a pele casca de laranja no cotovelo e o joanete. Foi sem dúvida, o dia em que ele estava em modo dadaísmo.

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