28.3.15

Naco #5

As pessoas parecem gostar de canções de amor. Eu diria que, parecem gostar demasiado, de canções de amor. A estrutura não parece ter mudado muito ao longo dos anos: “Eu amo-te”, “tu és única”, “nunca te quero desiludir”, “eu quero que sejas minha”, “não vou desistir de ti”, “quero-te nos meus braços”. Basicamente, tem sido isto ao longo de décadas, e as pessoas parecem ficar surpreendidas sempre que aparece um novo músico com este tipo de mensagem: “Tu ouviste este novo artista? Tão lindo. Parece que ele ama mesmo aquela rapariga. Ao contrário de outros artistas, que amam sentir o calor das suas mãos, este ama o toque do seu cabelo.” Se calhar, esta temática do amor, em canções, já comece a saturar. Não sei se isto seria aceitável noutro tipo de expressão artística. Imaginem que a maior parte dos filmes, no cinema, fossem de extraterrestres a invadir a Terra. Sempre assim. Na semana seguinte estreava outro filme de extraterrestres a invadir a Terra. Nos próximos 60 anos estreava, todas as semanas, meia dúzia de filmes de extraterrestres a invadir a Terra. Os filmes eram todos iguais: os extraterrestres tentavam invadir a Terra, mas nunca conseguiam, porque eram alérgicos a relvados. A temática era sempre esta. Os filmes diferenciavam-se apenas em pequenas coisas. Por exemplo: num filme os extraterrestres tinham rabo-de-cavalo; noutro filme vestiam-se com um bibe castanho; e noutro tinham um pescoço com a forma de um carrilhão do Convento de Mafra. É bem provável, que a partir do quarto filme, a maior parte das pessoas, já tenha perdido a paciência: “O quê? Este filme é outra vez sobre alienígenas a invadir o nosso planeta? Já não tenho paciência para isto. É sempre a mesma coisa! Ah, já ouviste a nova do Ed Sheeran? Adoro! Aquele miúdo não pára de surpreender!”

Sem comentários:

Enviar um comentário